Dia das Mulheres e o mundo corporativo

O Dia Internacional da Mulher, comumente chamado de Dia das Mulheres, se tornou um momento de reflexão sobre nossa cultura e nós mesmos. Bombons e rosas não combinam mais com a data, que está a cada dia mais carregada de significado.

 

Mas, como isso se relaciona com a minha área de estudo? Já te conto!

 

Dia das Mulheres no mundo corporativo

O famoso Dia das Mulheres impulsiona as empresas a desenvolveram soluções criativas e atualizadas para homenagear suas colaboradoras. E, nesta onda, temos várias ações que não saíram como o planejado. Eu selecionei duas que considero curiosas. A primeira é da rede brasileira do McDonald’s, que realocou os homens de algumas lojas, deixando o atendimento dessas unidades exclusivo com as mulheres. A frase “em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, hoje estamos operando com equipe 100% feminina neste restaurante” foi colocada no salão desses restaurantes e deixou muita gente incomodada.

 

A empresa explicou que nenhum homem deixou de trabalhar, mas o estrago já estava feito. A ação de Dia das Mulheres gerou muitas críticas on e off-line, e foi negativa para a marca. Se o público achou isso, imagine as colaboradoras!

 

Olhar feminino

O outro caso que separei aconteceu com a prefeitura de Curitiba, que instalou cílios em 42 semáforos para homenagear as mulheres. Segundo Ana Claudia Machado, coordenadora do setor de Políticas para Mulher da Secretaria da Família e Desenvolvimento Social da cidade paranaense, a ação tinha o objetivo de lembrar que o “olhar feminino está em todo lugar”. Ela completa apresentando dados importantes sobre ganhos das mulheres no estado: “no Paraná conseguimos diminuir a diferença salarial entre homens e mulheres e reduzir o número de mortes violentas contra mulheres”. Porém, mesmo com os números, a iniciativa não convenceu e foi criticada.

 

O lado dos colaboradores

Vamos deixar de lado o efeito dessas campanhas para as marcas e focar no que isso imprime nos colaboradores. Certamente, muitos dos funcionários gostaram das ações, mas seguindo o índice de aprovação do público, muitos também se sentiram ofendidos e não as consideraram como homenagens. Essas situações expõem o risco de se cair em meros discursos vazios ou manobras de Marketing, que reduzem os colaboradores ao posicionamento de marca ou até uma ideologia do momento. O pior? Muitas vezes as empresas realmente objetivam aplicar o discurso, apenas erraram o momento ou a forma de expressão. Mas, mais uma vez, o estrago já está feito e o resultado é o desconforto e a angustia na pele dos colaboradores.

 

Na hora da decisão sobre quais ações investir, pregar a importância da expressão da diversidade, do respeito e da humanização é essencial. Entretanto, é fundamental que também estejam alinhadas com a ética da questão e a cultura dos seus colaboradores. Tudo isso para evitar o efeito reverso. Portanto, destine tempo e atenção para conhecer a cultura das relações de trabalho e seu corpo empresarial, além de fazer uma análise crítica do uso do discurso idealizado e a coerência da prática na sua realidade. Mas, principalmente, valorize seu colaborador, ele não é um mero recipiente de informações.

 

Mais uma vez, entramos no conceito de corpomídia e sua relevância para novas práticas mais assertivas de comunicação

 

Até a próxima!

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